PAULO
SUELY BRAGA
Inverno rigoroso. O vento uiva, os
cataventos giram em uma corrida alucinada .A chuva cai miúda.
Paulo levanta-se, abre a veneziana e olha
na vidraça.As dobras da manhã aparecem num ceu escuro.Lá fora está um frio
infernal.Lembra-se que é feriado.Não precisa ir para o trabalho.Volta para
cama, liga a televisão e aconchega-se em baixo do edredom.Escuta as
notícias:temporal,vento de cento e cinqüenta quilômetros por hora,queda de
granizo em vários municípios.
De repente, a manhã fica noite, Os trovões ribombam
e os relâmpagos são coriscos no ceu..As ruas alagam.Há pouca gente lá fora
àquela hora,mas os automóveis param nas águas acumuladas, que parecem lagoas.
Paulo lembra-se do pai no interior do
município, que está preparando a terra para plantar. Nestes dias fica parado,
sem nada poder fazer.
Paulo pensa: “agora vou tirar uns dias de
férias e vou passá-los na casa de meu pai .La não sentirei frio, me aquecerei
no fogo a lenha,comerei aquela passoquinha
de carne
gostosa e sentirei o cheiro do café
fresquinho pela manhã.Nos dias ensolarados cavalgarei no Alazão pelo campo.”
Sente a fome fazendo um buraco no
estômago. Olha no relógio.Mais de meio dia.Levanta-se e vai para a cozinha
preparar o chimarrão.
OSÓRIO, 31/08/2011.
Nenhum comentário:
Postar um comentário