NO ANO NOVO O QUE MUDOU?
SUELY BRAGA
Passadas as festas, o
estouro dos champanhas e a euforia dos fogos, os dias no ano que entrou
continuam iguais aos outros dias, até o carnaval, com tres dias de folia, onde
o samba para a maioria é novamente a euforia e o Rei Momo comandam o
espetáculo. Os palhaços vestem a fantasia e caem no asfalto das grandes
avenidas e curam-se da ressaca na quarta - feira de cinzas. Os bens aquinhoados
vão aproveitar o calorão para se refrescarem nas praias, nas piscinas. Os
aeroportos estão atulhados daqueles que vão realizar as viagens de seus sonhos
ao exterior, ou curtir as belezas das cidades, dos pontos turísticos de nosso
imenso Brasil. Os menos aquinhoados, os trabalhadores retornam à vida rotineira
de todos os dias.
Suportam
o calor escaldante nos trabalhos, nos fornos de restaurantes e lancherias, no
tórrido sol das ruas. Continuam enfrentando filas intermináveis nas paradas de
ônibus, nas plataformas dos trens. Imprensados nos ônibus e trens para se
locomoverem ao trabalho. Aguentando o borborinho nas ruas de pessoas
apressadas, os engarrafamentos e o barulho ensurdecedor do trânsito. A estação
do ano mudou, os dias mudaram no calendário, mas a vida rotineira do dia a dia,
do corre-corre para conseguir o pão, o alimento para si e para os filhos com o
suor de seus rostos continuam.
Continuam
os milhões de desempregados, buscando uma vaga num mercado reduzido pelos
grilhões da recessão avassaladora. Continuam o governo Federal, os deputados e
senadores, votando na calada da noite, leis que prejudicam os trabalhadores e o
povo, leis que só beneficiam os ricos e os poderosos. Continua a repressão aos
movimentos populares, que lutam pelos seus direitos cassados. Continuam a
violência, o descaso com a saúde e a educação. Continua o retrocesso do Brasil
e a venda de nossas riquezas. Continua a manipulação das notícias pela mídia,
dona do poder para enganar e difundir o medo na população e insuflar a cultura
do medo, através da violência e da barbárie.
Muitos estão lutando para conseguirem uma vida
melhor, uma vida digna para suas famílias. O que mudou? Mudou a esperança, a
expectativa de dias melhores, de um futuro mais próspero, de um mundo melhor
com mais justiça, amor e fraternidade, de um país democrático, onde são
respeitados todos os direitos humanos e a Constituição Brasileira não seja
rasgada e vilipendiada pelas autoridades.
OSÓRIO, 08/01/2019.
Nenhum comentário:
Postar um comentário